quarta-feira, 12 de novembro de 2008

contingências muito para lá do que seria justo



De um lado da rua estava a Natércia a mandar pedras que ali estavam para tapar buracos às ordens do município. Do outro, estava a Paulita a devolver as pedras à origem. Eu vinha do Vítor onde fora ido por via de uma pistola de cola térmica e vou-me à Paulita porque a Natércia é a maluca aqui do sítio, bem jeitosa, louvado seja Deus, mas difícil de chamar à razão.
“Ó Paulita, mas o que é que tu estás a fazer, Paulita?”, grito eu a correr para a Paulita que por sinal é uma morena que até marchava se ela estivesse virada ao castigo, para dizer as coisas do jeito que por aqui são ditas e como na realidade elas são, bem vistas as coisas, porque no fundo, no fundo, estou profundamente convencido que as gajas não gostam de foder e assim.
“Se a gaja me atira pedras, eu também lhe atiro pedras”, disse a Paulita sem tirar os olhos da Natércia ao mesmo tempo que me interpunha entre ela e as munições que não paravam de chover. Segurou-me com ambas as mãos, com força, e eu gostei daquilo pelos instantes em que fiquei a modos que dormente.
“Ó Natércia… foda-se, caralho… pára com essa merda que ainda me matas”, gritei eu quando as pedras já faziam frio demasiado perto das minhas orelhas e ao mesmo tempo que tentava - com alguma violência, é preciso dizer - soltar-me das gadanhas da Paulita.
Como não conseguia e a Natércia estava em modo automático, virei a Paulita na direcção da Natércia. Foi nessa altura que a cabra me largou e eu corri a esconder-me atrás do que sobrava de um Uno que por ali estava parado.

8 comentários:

  1. Valha-me Santo Deus, as pessoas com quem o meu amigo se mete! Podia ter saído aleijado.

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  2. Fraquezas de um desgraçado, querida amiga.

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  3. Camarada, mude de bairro, Quinta do Mocho, talvez.

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  4. Desconhecia-lhe o lado arruaceiro. Podemos ser amigos para sempre, sem aquelas partes onde se metem coisas em locais que deveriam ser "exit only"?

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  5. Vá tomar um chazinho à boutique da Princesa. Está inspirada, a donzela.

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  6. Caro bloga-mos,
    À sua pergunta - que não compreendo porque é dúvida - digo sim. Ter amigos é bom, estão sempre a dizer-me, e eu não tenho nenhum. Portanto, Vossa Senhoria vem mesmo a calhar.
    À sugestão já dei caminho; à querida princesa estava inspirada mas melancólica. Dê-lhe o presente de uma das suas trapalhadas, diga-lhe dos desgostos que a sua entidade parental tem consigo, ou qualquer outra tonteira que a faça sorrir.

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  7. O que é uma "entidade parental"?

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