sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

a palmeira

Sentaram-se os dois. O mais novo dos visitantes viria a ser um desses deputados com boa imprensa, fotogénico e profundamente envolvido em causa tribal. Aceitaram beber um licor qualquer, triple sec ou msr, talvez.
A mãe, coitada, percebeu necessidade de impressionar. E sobre a toalha da mesa da cozinha pousou a garrafa e uma estatueta de bronze dourado. A estatueta consistia num conjunto de palmeiras na base das quais se pavoneava uma gazela aos coices. Das folhas de uma das palmeiras, presos em ganchos, pendiam os cálices.
O rapazito ficou vermelho de vergonha e raiva: “- Oh mãe, por favor, leve a merda da gazela daqui para fora”. 
Foi a vez de a mãe ficar vermelha. E em vez de atalhar na má-criação do cachopo, obediente, desenganchou os copos e levou a palmeira.
Aquilo não começava nada bem.

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