"Na madrugada de 25 de Abril, na sua quinta de Riba Fria, Jorge de Mello recebeu um telefonema de um dirigente da Legião Portuguesa, avisando-o de que havia tropa insurrecta na rua. [...] Pouco depois, António Serra Lopes, um jovem e brilhante advogado, entrou no seu escritório para lhe mostrar o programa do MFA ( Movimento das Forças Armadas). Jorge de Mello pediu-lhe que lho lesse. Serra Lopes foi interrompido antes de passar à 2.ª página, pois o dono da CUF estava ansioso por saber a sua opinião. O seu colaborador voltou a ler o ponto 6 do programa, que dizia: 'O Governo Provisório lançará os fundamentos de: a) Uma nova política económica, posta ao serviço do Povo Português, em particular das camadas da população até agora mais desfavorecidas, tendo como preocupação imediata a luta contra a inflação e a alta excessiva do custo de vida, o que necessariamente implicará uma estratégia antimonopolista.' Eis como Jorge de Mello reagiu: 'Não me parece mal.' E logo a seguir perguntou-lhe: 'Ó Serra Lopes, temos algum monopólio no grupo?'"
Os Ricos, Maria Filomena Mónica, a esfera dos livros, 2018, pp. 221-222
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