sexta-feira, 10 de agosto de 2018

é fazer as contas




















Ouvi agora o nº 2 do 44 - que era* da sua inteira confiança como, aliás, a maior parte do “gabinete” do  atual governo - a dizer com ar grave e sofrido de esforço:

”....A eliminação de qualquer tipo de penalização para quem tenha 48 anos de trabalho e um mínimo de 60 anos de idade, foi o primeiro passo que demos [tradução: que trabalhe ininterruptamente desde os 12 anos de idade e tenha feito os devidos descontos para a segurança social]. Demos um segundo passo, agora, que foi a possibilidade, portanto, da reforma aos 60 anos para quem tenha 46 anos de serviço e tenha começado a descontar aos 15 anos de idade. E é uma matéria acerca da qual estamos a trabalhar para procurar fazer justiça, agora, para quem não teve a oportunidade de ter a infância que podia ter tido. Mas é uma matéria que estamos a negociar.”**

Ora bem, srs. jornalistas do Expresso (do Expresso, meu deus...), estas coisas eram assim: os pais, geralmente o pai, metia empenho junto de uma oficina, loja, campo agrícola - enfim, num qualquer sector económico mais necessitado de mão-de-obra infantil, sobretudo ao longo da década de sessenta. No meu caso, entre outras miudezas,  calhou-me uma oficina de automóveis, uma recauchutagem, uma carpintaria e uma fábrica de móveis. Ao fim da semana - que acabava geralmente à hora de almoço do sábado -, recebíamos um envelope com algumas moedas ou algumas moedas e uma nota que entregávamos ao pai sem o chegar a abrir.  Não havia descontos para ninguém nem para nada. O único papel era o do envelope e o da eventual nota. E se os senhores jornalistas fossem algo mais do que cachopos imbecis saberiam que isto foi exatamente assim. E saberiam ainda que o assunto acerca do qual o nº 2 do 44 se permitiu recrear na sebosa entrevista que vos deu para que se deixassem dessa perigosa coisa de pensar em cinzas, foi pouco menos que acerca de nada porque a ninguém diz respeito e são nenhuns os seus custos.
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  ”Era”. Porque entretanto, o nº 44 já se deu ao cuidado de esclarecer que não confiava nesta canalha.

**    O português é mais ou menos pátrio, mas é, ipsis verbis, o do gajo que deu um pontapé nas bolas do seu predecessor porque tinha ganhado as eleições por "poucachinho"  e que viria depois a perder as eleições por poucochinho. 

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