segunda-feira, 17 de outubro de 2016

independência para as colónias, já!






Ontem foram as eleições para o Governo da região portuguesa dos Açores.  Sei porque os noticiários andavam excitados com o assunto. Com painéis de comentadores a comentar os resultados, assunto acerca do qual não sinto a menor curiosidade. Eu e os 59,1% de açorianos que acharam ter assuntos mais importantes do que ir votar.
Mas os cerca de 40% de cidadãos eleitores chegaram e sobraram para eleger 57 mamíferos; não chegam a 250 000 os residentes nos Açores pelo que contabilizados os votos apenas dos cidadãos eleitores dá mais ou menos o número de votos correspondente aos membros das famílias de cada um deles.
Para manter todas estas famílias felizes, a república estorricou diretamente na assembleiazinha cerca de 11 milhões com um reforçozinho de cerca de dois milhões “para pagar as subvenções vitalícias dos antigos deputados.” Apesar de tudo muito menos gastadores (embora menos divertidos) que os da Madeira que sendo apenas 47 mamíferos para uma população idêntica abicharam mais de 14 milhões, sem contar com os reforçozinhos.
A estes 104 mamíferos juntam-se os 230 “cubanos do contenente”. A republiqueta elege 334 mamíferos no total.
Muitos são os meus concidadãos que, a ver vida a andar para trás, volta e meia lhes dá para comparar os 230 mamíferos do continente com o número de congéneres em países bem mais prósperos. E acham que são muitos. Outros fazem a mesma pergunta e chegam a conclusões diferentes. Por uma qualquer razão que me escapa, quer os primeiros quer os últimos, fazem sempre as contas a esquecer-se dos 104 insulares mamíferos. O que me parece uma grande falta de respeito.
A isto, que ainda é muita massa para um país falido, deve juntar-se a redundância de custos administrativos de institutos, organismos, secretarias, palácios que analisados ao detalhe deixariam qualquer alma em febre.
No mundo existe uma boa dezena e meia de cidades que sozinhas perfazem mais do total da população portuguesa. Imagine-se o que seria delas se tivessem idênticos custos administrativos.
Estou com tudo isto a sugerir que esta coisa das “autonomias” é uma valente merda com custos faraónicos e que a ninguém serve que não aos mesmos das mesmas famílias continentais?
Estou.
Politicamente não representam nada de especificamente regional, rigorosamente nada porque são rigorosamente os mesmos que medram em todo o território, mais coisa para um lado, menos coisa para o outro.
Há muito que os nossos compatriotas insulares deixaram de estar separados do continente por barcos à vela. Entretanto inventaram-se muitas coisas, dos meios de transporte às telecomunicações. E todo o dinheiro que se anda a gastar com este patético equívoco constitucional, podia muito bem ter uma distribuição mais justa em todas as ilhas e por todas as famílias.
E se os nossos compatriotas dos Açores ou da Madeira achassem em mal o acabar com o forrobodó, era referendar-se a independência; os mamíferos locais podiam usar nas suas campanhas o slogan “Independência para as colónias, já!”
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É importante acrescentar que o estatuto de "região autónoma" nas ilhas dos Açores, Madeira, Selvagens e Porto Santo resulta da tentativa de instauração em Portugal de uma República Socialista Soviética por parte do PCP (Partido Comunista Português).

Em compreensível reação ao que em Portugal continental se passava, as elites locais mobilizaram-se no sentido de darem forma a incipientes movimentos independentistas (na verdade, sem qualquer apoio ou acolhimento fora de Ponta Delgada ou Funchal…).

Para aplacar estas "insurgências", o governo central inventou as "regiões autónomas" e consagrou-as na constituição. Esta foi apenas uma das inúmeras consequências do período politicamente conturbado e desastroso que Portugal viveu entre 25 de abril de 1974 e 25 de novembro de 1975, dia em que finalmente foi instaurada a democracia em Portugal, o dia que deveríamos comemorar como dia da Liberdade. No período que mediou estas duas datas, tentou-se a substituição de uma ditadura por outra.

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