quinta-feira, 27 de outubro de 2016

o sumo insulto

É dizerem-me “escreves tão bem”.
Passei toda a minha vida a sentir-me vítima desse insulto. Na minha vida académica, na minha vida profissional, na minha vida intima, no café, “escreves” ou “falas tão bem”. Foda-se. Aparentemente vivo rodeado de gente que apenas lê jornais desportivos, as últimas páginas do correio da manhã, o Eduardo Lourenço ou a puta que os pariu. Porque eu não sei realmente escrever. Sou badalhoco, quase analfabeto, sem ciência no localizar de virgulas e na gramática de maneira mais larga.
Sim, quem andou por onde passei olhos, há de saber que Vieira não me é estranho, etc. e tal. Mas nunca ninguém me fez a justiça de exclamar “bem visto”, “nunca tinha pensado na coisa dessa maneira”.
Puta que vos pariu a todos mais a vossa insolência. Digam nada que me farão maior justiça.

2 comentários:

  1. Bem visto (eh, eh)!
    Quem escreve bem não são os calígrafos?

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  2. Pressupondo que se está mesmo a queixar: acha verdadeiramente que quando lhe dizem que escreve bem, se referem à caligrafia? QUE NÃO ATENTAM AO MODO COMO DIZ E AO QUE DIZ? Pois eu que só li de si este texto, não sei se escreve bem ou mal, mas, se muita gente o afirmar, não há-de ser pela caligrafia.

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