Era um truque usado por
alguns soldados na guerra do ultramar. Alegadamente enfiavam um dente de
alho pelo cu acima na expetativa de ficarem com febre e dessa maneira ficarem
na enfermaria, devidamente escusados de um ou outro tiroteio. Historietas a que
dou pouco crédito, geralmente contadas por entre gabarolices de sujeitos que
podem muito bem ter um braço tatuado com as cinco quinas, “Guiné 1969” e “Amor
de pais”.
Vem isto a propósito de três sujeitos que são amadores de enfiar
alho pelo cu acima, expediente de que fazem uso, não para evitarem emboscadas
em algum pântano de Bijagós, mas para ficarem com umas belas vozes de barítono
que convencem as pessoas a achar que são sérias.
O melhor de todos é o Bruno que fica de se ouvir de tal modo que
ainda hoje se diz dele que "ao princípio fez tudo muito bem" e “viva o
Bruno!”. Evidentemente, consegue esse efeito não apenas à custa de uma
cabeça inteira de alhos que enfia pelo cu acima logo ao pequeno-almoço,
mas também pelos dentes d’alho que, em frequentes idas à casa-de-banho e ao
longo do dia, vai enfiando pelas narinas.
Logo a seguir a este Don Giovanni está um coiso que é do Porto e é
ministro de uma dessas coisas novas que ainda não ficam no ouvido. Não sei o
nome mas está aí a fotografia. Este coninhas é um beto de tal quilate que um
tipo fica parvo a pensar como é que o Porto foi capaz de parir uma coisa
destas. Mas diga o que disser - e vá-se lá saber o que diz -, di-lo de tal
maneira que fica sempre no ouvido e no coração.
Finalmente temos o doutor Costa. Acerca das técnicas do doutor
Costa correm muitos rumores por entre os jornalistas mais íntimos do
poder. Ao que parece, com receio de alucinar em febres e acordar na
prisão como o Bruno, o doutor Costa limita-se a enfiar apenas um dente d’alho
pelo cu acima depois de lhe dar uma ligeira pancada com o martelo dos bifes e
antes de lavar os dentes e ir para a cama.
A verdade é que sobre o Bruno e o beto do Porto, o doutor Costa,
além do dente d’alho, beneficia da enorme vantagem de ter feito um desses
cursos de “técnicas de colocação de voz” financiados pela CEE.
Passou com distinção e são falsas as notícias que lhe atribuem o melodioso
ribombar ao ar que sopra da barriga à maneira do odre de pele de cabra
que alimenta a guincharia da gaita-de-foles. Tivesse ele vagar para passar os
olhos por uma ou outra página de gramática, de maneira a poupá-lo a maldosas avocações
de parentesco com o Jorge Jesus, e tínhamos aqui timoneiro para muitos anos.
Mas assim também serve porque por aqui tudo nos serve hoje em dia.
Quem parece que também usa uma variante desta técnica é o doutor
Louçã. Sugere-se que enfia alho em pó pelo cu acima com uma daquelas
seringas de rechear perus mas os resultados são bastantes modestos e não vão
além de uns “rrrrrrrr” bastante robustos.
Mais por conta do curso de “técnicas de colocação de voz” que também fez, que
pelo alho em pó, asseguram alguns entendidos nestes assuntos.
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