De entre todas as inanidades proferidas pelo cavalheiro, a comunicação social escolheu salientar a de que ninguém “é mais português do que qualquer outro”. Enfim, sendo uma constatação aparentemente óbvia e ociosa, talvez o senhor presidente queira aludir e ser inclusivo relativamente aos milhares de pessoas que se tornam “portugueses” por via administrativa. Àqueles que em muitos casos e ao fim de 5 anos, - durante os quais pouco mais fazem que, nas redes sociais, exibir desprezo e desrespeito pelos portugueses e pelo país que os acolhe - obtêm papeis que os declaram como “portugueses”, documentos que lhes permitem aceder a mercados de trabalho com melhores salários. Ou, de modo mais ou menos subterrâneo, ser também inclusivo em relação aos que apenas se reconhecem direitos e nenhuns deveres.
É moderno.
E capaz de gerar aquilo de que mais gosta: a “boa imprensa”. Alguma esteve até quase tentada a reconhece-lo como um “grande estadista”.
Depois tivemos a senhora conselheira de estado que depois de afirmar que “hoje em dia o discurso público que prevalece é, sem dúvida, sobre o pecado dos Descobrimentos e não sobre a dimensão da sua grandeza transformadora”, manteve-se precisamente no primeiro. “cujo inventário é um dos temas dolorosos de discussão na atualidade”.
Enfim, muito moderna também, a senhora conselheira de estado. Mas não era preciso ir a Lagos para concluir que temos “sangue do nativo e do migrante, do europeu e do africano, do branco e do negro e de todas as outras cores humanas. Somos descendentes do escravo e do senhor que o escravizou. Filhos do pirata e do que foi roubado. Mistura daquele que punia até à morte e do misericordioso que lhe limpava as feridas.” Porque bastaria lembrá-lo.
Como aqui já escrevi e tanto quanto é do meu conhecimento, Pedro Gomes Sanches foi, na SIC-N, o único a dizer o que se pode dizer destas redacções a pretexto do 10 de junho. Com muita coragem, num clima radicalizado, disse que eram maus discursos para o dia de Portugal, de Camões e das comunidades. Que o que precisávamos era de mensagens que nos conciliassem uns com os outros.
Evidentemente, foi abruptamente interrompido pelos baldaias de serviço.
Evidentemente, foi abruptamente interrompido pelos baldaias de serviço.
Mas a realidade não demorou muitas horas a partir-nos o nariz. A uns esfregando a notícia de um bando de selvagens a espancarem um actor. A outros com a notícia de um pai que mata o filho a tiro por este se recusar a casar com uma criança de 14 anos. E pouco importa que a CS nos esfregue detalhes do primeiro crime e ofereça fotos de 3 ambulâncias (vistas de vários ângulos) para ilustrar o segundo. Ficou devidamente ilustrada a tese da necessidade de outros discursos.
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