segunda-feira, 29 de abril de 2024
domingo, 28 de abril de 2024
abracemo-nos sempre que nos apeteça
É a saudável recomendação que nos fazemos e que muito raramente praticamos.
Da minha parte, juro-vos que nunca mais deixarei de o fazer.
Não é preciso que seja com muita força. Um braço mais tímido sobre os ombros será o suficiente. Safoda o que possa pensar o abraçado e ainda mais o que possam pensar eventuais espectadores.
Nunca mais.
Porque uma mulher boa faleceu hoje sem que eu o tivesse feito. Dá-se o caso de ter sido minha colega. Inteligente, generosa, inexcedivelmente capaz no seu ofício, foi também, sem esforço, uma daquelas pessoas que sabemos entre amigos, franca e incapaz de qualquer filhadaputice para quem quer que seja.
Por um qualquer extraordinário mistério, na última reunião de trabalho, perguntou-me se me dava conta de que aquela era a última em que estaríamos juntos numa reunião ( estou na eminência de me aposentar e tenho feito festa do assunto...). Convencido que brincava, disse-lhe do improvável, apesar de tudo. Respondeu em silêncio, nuns olhos sem dúvida, que interpretei no sarcasmo que praticávamos divertidos e sem lugar para mal-entendidos.
Dias antes de a ver pela última vez, cruzámo-nos. Falhando-lhe eu o tal braço sobre os ombros que me apeteceu fazer em razão de duas pessoas estranhas à nossa cumplicidade.
Nunca mais.
Na imensa tristeza em que me deixa, apenas me consola a ideia de que não tenha tido tempo para se afligir com a falta que fará à sua menina.
Da minha parte, juro-vos que nunca mais deixarei de o fazer.
Não é preciso que seja com muita força. Um braço mais tímido sobre os ombros será o suficiente. Safoda o que possa pensar o abraçado e ainda mais o que possam pensar eventuais espectadores.
Nunca mais.
Porque uma mulher boa faleceu hoje sem que eu o tivesse feito. Dá-se o caso de ter sido minha colega. Inteligente, generosa, inexcedivelmente capaz no seu ofício, foi também, sem esforço, uma daquelas pessoas que sabemos entre amigos, franca e incapaz de qualquer filhadaputice para quem quer que seja.
Por um qualquer extraordinário mistério, na última reunião de trabalho, perguntou-me se me dava conta de que aquela era a última em que estaríamos juntos numa reunião ( estou na eminência de me aposentar e tenho feito festa do assunto...). Convencido que brincava, disse-lhe do improvável, apesar de tudo. Respondeu em silêncio, nuns olhos sem dúvida, que interpretei no sarcasmo que praticávamos divertidos e sem lugar para mal-entendidos.
Dias antes de a ver pela última vez, cruzámo-nos. Falhando-lhe eu o tal braço sobre os ombros que me apeteceu fazer em razão de duas pessoas estranhas à nossa cumplicidade.
Nunca mais.
Na imensa tristeza em que me deixa, apenas me consola a ideia de que não tenha tido tempo para se afligir com a falta que fará à sua menina.
sábado, 27 de abril de 2024
sexta-feira, 26 de abril de 2024
aforismo
Um político não deve hostilizar as mentiras dos oponentes. Porque a verdade sobrevive muito melhor à mentira que ao silêncio.
quinta-feira, 25 de abril de 2024
quarta-feira, 24 de abril de 2024
terça-feira, 23 de abril de 2024
os cravos de abril e eu
É complicado.
Gosto muito de flores. De cravos vermelhos também, sobretudo pelo que por esta altura são símbolo.
Dito isto - e de pés bem firmes nesta empatia de que não os arredo-, não aprecio o neorrealismo faceiro com que adocicam o aparente mistério da sua aparição em ocasião tão lustre da nossa história mais recente.
Ora se tratou de uma pobre florista do Rossio que vivia com a mãe e a filha num pequeno quarto de umas esconsas águas-furtadas. E a quem naquela madrugada sobrou mercadoria. Ora de uma pobre operária despedida sem justa causa e que foi paga com cravos.
Em qualquer caso a senhora acaba sempre a distribuir graciosamente os cravos vermelhos na madrugada de abril.
São jornalistas que após investigação séria nos dão notícia destas histórias, uma ou outra ilustrada com a fotografia de uma senhora que, cinquenta anos depois, nos surpreende bem conservada.
O que me espanta é que nunca ninguém tenha dado conta da coincidência de ser precisamente o cravo vermelho o símbolo da revolução bolchevique e de na extinta URSS ser símbolo de todas as festas e efemérides a ela associadas.
Gosto muito de flores. De cravos vermelhos também, sobretudo pelo que por esta altura são símbolo.
Dito isto - e de pés bem firmes nesta empatia de que não os arredo-, não aprecio o neorrealismo faceiro com que adocicam o aparente mistério da sua aparição em ocasião tão lustre da nossa história mais recente.
Ora se tratou de uma pobre florista do Rossio que vivia com a mãe e a filha num pequeno quarto de umas esconsas águas-furtadas. E a quem naquela madrugada sobrou mercadoria. Ora de uma pobre operária despedida sem justa causa e que foi paga com cravos.
Em qualquer caso a senhora acaba sempre a distribuir graciosamente os cravos vermelhos na madrugada de abril.
São jornalistas que após investigação séria nos dão notícia destas histórias, uma ou outra ilustrada com a fotografia de uma senhora que, cinquenta anos depois, nos surpreende bem conservada.
O que me espanta é que nunca ninguém tenha dado conta da coincidência de ser precisamente o cravo vermelho o símbolo da revolução bolchevique e de na extinta URSS ser símbolo de todas as festas e efemérides a ela associadas.
Como a comemoração dos aniversários de Josef Stalin, por exemplo.
segunda-feira, 22 de abril de 2024
domingo, 21 de abril de 2024
sábado, 20 de abril de 2024
sexta-feira, 19 de abril de 2024
quinta-feira, 18 de abril de 2024
quarta-feira, 17 de abril de 2024
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