sexta-feira, 6 de setembro de 2024

de repente lembrei-me da tap e de mais de um terço das empresas públicas

“Entre a oficialidade que sustentava o regime persistia a incerteza quanto às verdadeiras capacidades quer do titular das Finanças quer do seu substituto interino para marcar o rumo da recuperação das contas públicas. E os quartéis-generais tinham começado a auscultar a oficialidade sobre a questão do empréstimo, através de Notas-Consultas. Em Caçadores 5, o tenente Assis Gonçalves, convidado a pronunciar-se pelos seus camaradas, afirmara:
Lemos nos jornais que, dia-a-dia, se estão a fazer financiamentos a empresas que se diz estarem à beira da falência [...]. Ora se o empréstimo agora pretendido se destina a isto, ou seja, a cobrir déficits, financiar empresas falidas, pagar vencimentos em atraso ou a aumentá-los, então será imediatamente absorvido em pura perda, e constituirá mais um indesejável encargo, para nós e para os vindouros, e mais uma miserável vergonha de consentir em nossa casa o «controlo" de uma comissão estrangeira de três membros para administrar as receitas consignadas a esse empréstimo.”

José Luís Andrade, “As Ambiguidades do 28 de Maio”, Critica XXI, n°7, 2024, pag. 67

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