No carro, por hora de almoço fico a saber que uma das medidas com que a troika nos tentou ensinar a poupar dinheiro - sem prejuízo de pensões, saúde, educação, paz, pão, segurança ou infraestruturas essenciais - está na eminência de ser atirada ao lixo: onde havia cerca de 4000 juntas de freguesia, a troika sugeria a união de várias delas de modo a perfazerem cerca de 3000. Nem sequer era coisa muito arrojada, mas com impacto económico que não é difícil de imaginar.
Ouvida a população acerca do assunto por parte de uma repórter da rádio Observador, ficou a impressão de que a reversão da medida será acolhida com agrado. Interpelados acerca da razão para tal, a única a ser invocada com alguma inteligibilidade foi a de que “não queremos cá misturas”. Tanto quanto se percebeu da auscultação dos entrevistados, em nada as populações terão sido prejudicadas com a união que agora os partidos se preparam para reverter: os serviços que eram assegurados durante todos os dias úteis, teriam passado a ser satisfatoriamente assegurados em escala por todas as antigas freguesias.
Parece razoável pensar que assim sendo, não tendo havido real prejuízo para os fregueses, seriam de ponderar novas e mais uniões de freguesias. Mas não. O parlamento aprestasse para ponderar a reversão de 20% dessas uniões. Com palminhas dos fregueses. A ninguém parece lembrar que uma economia aqui poderia dar maior folga numa pensão ou outra, em maior saldo para um médico, professor, polícia ou asfalto.
É a lógica do camelo que almoçando sozinho é frugal, mas faz rotina de sobremesa e “uixque” quando a conta é a rachar. Ou a da dona Ester que na farmácia só favorece o genérico se o ácido acetilsalicílico com griffe não for comparticipado pelo SNS.
Com fregueses assim não faltará muito até que uma troika qualquer nos volte a dar lições de economia doméstica.
Não reversíveis.
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