segunda-feira, 4 de novembro de 2024

declaração de voto

A celebrar coisa que não é assunto para mais ninguém, fiquei por algum tempo sem o meu ópio de noticiários. De regresso - a dar no vício com ainda maior intensidade como é próprio das abstinências-, vou de concluir que a nação vive o drama das eleições presidenciais americanas.
Ao que percebi aqui pelos noticiários pátrios, tenho que decidir por um dos dois males em confronto: ou pelo fim da guerra aqui por perto, na Ucrânia, ou pelo fim da guerra no médio oriente que fica um pouco mais longe. Confrontado com este cenário deprimente - e não querendo "ficar em cima do muro"-, acho que me inclino pelo fim da guerra aqui mais por perto.
Os senhores jornalistas não me levem a mal nesta minha preferência pelo fim da guerra mais próxima. Tenham paciência, os senhores façam como quiserem, mas o meu voto vai para o Trump com mãos pequerruchas.

aldous harding

fronteira



 

terça-feira, 29 de outubro de 2024

os fregueses da troika

No carro, por hora de almoço fico a saber que uma das medidas com que a troika nos tentou ensinar a poupar dinheiro - sem prejuízo de pensões, saúde, educação, paz, pão, segurança ou infraestruturas essenciais - está na eminência de ser atirada ao lixo: onde havia cerca de 4000 juntas de freguesia, a troika sugeria a união de várias delas de modo a perfazerem cerca de 3000. Nem sequer era coisa muito arrojada, mas com impacto económico que não é difícil de imaginar.

Ouvida a população acerca do assunto por parte de uma repórter da rádio Observador, ficou a impressão de que a reversão da medida será acolhida com agrado. Interpelados acerca da razão para tal, a única a ser invocada com alguma inteligibilidade foi a de que “não queremos cá misturas”. Tanto quanto se percebeu da auscultação dos entrevistados, em nada as populações terão sido prejudicadas com a união que agora os partidos se preparam para reverter: os serviços que eram assegurados durante todos os dias úteis, teriam passado a ser satisfatoriamente assegurados em escala por todas as antigas freguesias.

Parece razoável pensar que assim sendo, não tendo havido real prejuízo para os fregueses, seriam de ponderar novas e mais uniões de freguesias. Mas não. O parlamento aprestasse para ponderar a reversão de 20% dessas uniões. Com palminhas dos fregueses. A ninguém parece lembrar que uma economia aqui poderia dar maior folga numa pensão ou outra, em maior saldo para um médico, professor, polícia ou asfalto.

É a lógica do camelo que almoçando sozinho é frugal, mas faz rotina de sobremesa e “uixque” quando a conta é a rachar. Ou a da dona Ester que na farmácia só favorece o genérico se o ácido acetilsalicílico com griffe não for comparticipado pelo SNS.

Com fregueses assim não faltará muito até que uma troika qualquer nos volte a dar lições de economia doméstica.
Não reversíveis.




philip glass

elgorriaga