segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

correio da manhã

(Ando sem fôlego, vim aqui fumar um cigarro, e fiquei logo em estado de desabafar coices).


As criaturas que pela paróquia fizeram sonolência de sofá quando o bandalho diligenciou a censura do pasquim (apenas e só por razões “estéticas”, vale a fadiga de acrescentar…) – atirando às urtigas a evidência de que a natureza do censurado é completamente irrelevante no confronto com a gravidade da censura – vieram agora vomitar indignação a pretexto da cobertura jornalística de um velório. 

Porque eram crianças, se bem entendi. A coisa, à falta de melhor descrição, é de manifesto “mau-gosto”, não é por aí que o gato vai às filhoses. 

Sucede apenas que estas criaturas de dedo em riste não gastam cuspo a indignar-se com outros velórios e tragédias que beneficiam igualmente da atenção generalizada da “informação de referência”. E é exatamente em cima dessa peida que eu quero assentar o coice.
É que este velório - tanto quanto o da princesa diana, ou o da atriz de telenovela, ou o da “primeira-dama”, ou o do “senador” da nação, … - é o das duas filhas de “ninguém”. E enfarta a indiscrição do povo “porco, feio e mau” que tanto dizem amar. Com aquela generosidade de que só “a esquerda” é capaz.
E se isso, por um lado os enfurece, por outro, resgata-os da má consciência que resulta do que comecei por lembrar; para os “indignados”, a censura até vai benzinho se os censurados forem feios e não forem eles.

É uma coisa muito esquisita. Nos dicionários aparece na zona do “h” de “hipocrisia”.


(Eu avisei que ia largar coices. Não disse que ia ouvir ninguém no divã)

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