domingo, 25 de setembro de 2016

p. 90 (notas de leitura)

De onde em duas penadas Saraiva traça o retrato de Domingos Duarte Lima, tal como o imaginei sempre a partir de certa altura:

Ao entrar num elevador, Saraiva confronta-se com Duarte Lima: “Fiquei tão surpreendido que, quando já avançava para entrar, parei bruscamente. Aí, ele diz-me com toda a calma: ‘Senhor arquiteto, não se atemorize…’ Entrei, cumprimentei-o e ele apresentou-me uma outra pessoa que vinha no elevador: ‘O meu filho…’ E virando-se para o filho: ‘O Senhor arquiteto José António Saraiva, diretor do jornal Sol.’ Este é o retrato verdadeiro de Duarte Lima: frio, gelado, nunca tira a máscara, nunca se emociona. O seu olhar não transparece qualquer emoção e no seu rosto não se vê um único músculo mexer mesmo nos momentos mais difíceis. E isto é um tanto assustador."

É. Parece de ficção, esta mistura de melomania e gelo.

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