sexta-feira, 9 de agosto de 2019

governo, oposição e camaradas unidos

A propósito da greve que agora se repete, a 19 de abril de 2019  escrevi:

“Se pararmos dois, três dias, pomos Portugal no caos. Temos perfeita noção disso”, afirmaram os dirigentes do novo Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas. E como desde o primeiro dia suspeitei, se parassem durante cinco, seis dias, derrubavam o governo. Porque seria inevitável que até os perspicazes jornalistas da Lusa começassem a perguntar-se se não havia serviços de informação, se não havia gabinetes capazes de antecipar planos para situações de crise, se a governança acontecia assim mesmo, indolente, ao sabor da espuma dos dias, sem estratégias que se vissem, sem planos, reativa, desinformada, improvisando, diletante, enfim, assustadora e perigosamente incompetente.
...

Provando que nunca tinha chegado a ser ator político - ao contrário do camarada doutor que nunca foi outra coisa -, o sindicato aceitou pôr termo à greve, subscrevendo a proposta de negociar um acordo ao longo de oito meses.
Na sua boa-fé não percebeu que nunca mais poderá voltar a dizer: “Se pararmos dois, três dias, pomos Portugal no caos.” 
Quando o tiver percebido já o governo teve tempo para fazer o que devia ter feito.

A "oposição" é que já não vai a tempo de fazer o que não fez.
____________________________________

Pois bem. Entretanto o  governo teve efetivamente todo o tempo do mundo para fazer o que devia ter feito. Sempre a surpreender-me na sua prodigiosa desnecessidade, o governo não apenas fez coisa nenhuma como, na conferência de imprensa cometida por três dos membros da quadrilha, começa por dizer e sublinhar que até nem tem nada a ver com o assunto “porque se trata de uma negociação entre privados”.
Mas enfim, magnânimos, condescenderam em informar os senhores jornalistas de que tinham feito uns planos que asseguravam o abastecimento de ambulâncias, carros de bombeiros e funerários.
Ao que ouvi em noticiário, o povo acha que o governo “está a trabalhar bem”. A oposição também.
Os camaradas do camarada doutor, na sua habitual e supimpa lata, informaram a nação de que a greve dos motoristas “…é impulsionada por exercícios de protagonismo e por obscuros objectivos políticos e procura atingir mais a população que o patronato .”





Sem comentários:

Enviar um comentário